Maus pais

Há tempos chegou-me ao mail um texto cujo autor desconheço, com grande pena minha, porque se o conhecesse tirava-lhe o chapéu e fazia-lhe uma vénia perante tal maravilha de reflexão. E como não o conheço também não lhe posso pedir autorização para publicar este pedaço de sabedoria, mas com toda a certeza que ele não se importará.
Bem hajam os "maus pais"....

"Um dia quando os meus filhos forem crescidos o suficiente para entenderem a lógica que motiva os pais, eu hei-de dizer-lhes:
- Eu amei-vos o suficiente... para ter insistido que juntassem o vosso dinheiro e comprassem uma bicicleta para vocês, mesmo que tenha tido hipótese de a comprar.
- Eu amei-vos o suficiente... para ter ficado ao pé de vós, 2 horas, enquanto limpavam o vosso quarto; tarefa que eu teria realizado em 15 minutos.
- Eu amei-vos o suficiente... para vos fazer pagar a pastilha que tiraram da mercearia, e dizerem ao senhor: Eu roubei isto ontem e queria pagar.
- Eu amei-vos o suficiente... para ter ficado em silêncio e deixar-vos descobrir que o vosso novo amigo não era boa companhia.
- Eu amei-vos o suficiente... para vos deixar assumir a responsabilidade das vossas acções, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.
- Eu amei-vos o suficiente... para ter perguntado onde vão, com quem vão e a que horas regressam a casa.
- Eu amei-vos o suficiente... para vos deixar ver fúria, desapontamento e lágrimas nos meus olhos.
- Mas, acima de tudo, eu amei-vos o suficiente... para vos dizer NÃO, quando eu sabia que me iriam odiar por isso. Essas eram as mais difíceis batalhas de todas.
Estou contente. Venci, porque no final vocês venceram também.
E, qualquer dia, quando os vossos filhos forem crescidos o suficiente para entenderem a lógica que motiva os pais, vão dizer-lhes se eles vos perguntarem se os vossos pais eram maus, que sim, que eram os piores pais do mundo.
- Os outros miúdos comiam doces ao pequeno-almoço, nós tínhamos de comer cereais, ovos e tostas.
- Os outros miúdos ao almoço bebiam Coca-Cola e comiam batatas fritas, nós tínhamos de comer sopa, o prato e a fruta. E, não vais acreditar, os nossos pais obrigavam-nos a jantar à mesa, bem diferente dos outros pais também.
- Os nossos pais insistiam em saber onde nós estávamos a todas as horas. Era quase uma prisão. Eles tinham de saber quem eram os nossos amigos, e o que fazíamos com eles.
- Eles insistiam que se disséssemos que íamos sair uma hora, demorássemos só uma hora, ou menos.
- Nós tinhamos vergonha de admitir, mas eles violaram uma data de leis do trabalho infantil: nós tínhamos de lavar a loiça, fazer as camas, lavar roupa, aprender a cozinhar, aspirar o chão, esvaziar o lixo e todo o tipo de trabalhos cruéis. Eu acho que eles nem dormiam à noite a pensar em coisas para nos mandarem fazer.
- Eles insistiam sempre connosco para lhes dizermos a verdade, só a verdade e apenas a verdade.
- Na altura da nossa adolescência eles conseguiam ler os nossos pensamentos, o que tornava a nossa vida mesmo chata.
- Os nossos pais não deixavam os nossos amigos tocarem à campainha para nós descermos, tinham de subir, bater à porta, para eles os conhecerem.
- Enquanto toda a gente podia sair à noite com 12, 13 anos, nós tivemos de esperar pelos 16.
- Por causa dos nossos pais, nós perdemos experiências fundamentais da adolescência. Nenhum de nós, alguma vez, esteve envolvido em roubos, actos de vandalismo, violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime.
Foi tudo por culpa deles.

Agora que já saímos de casa, somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o nosso melhor, para sermos "maus pais", tal como os nossos pais o foram."

Acho que este é um dos males do mundo de hoje: não há suficientes "maus pais"!

Beijitos doces

7 comentários:

Brilhozinhos disse...

Amiga, esse texto maravilhoso, o qual também li há uns meses, foi redigido por um psiquiatra de seu nome Carlos Hecktheuer. Bem haja, carlitos!

Beijos doces

Sometimes Always disse...

como é bom termos uma amiga brilhante que nos vai iluminando as ideias.
obrigada pela dica

beijitos doces

p.s. - que continues a ser tão má mãe como tens sido até aqui e eu igualmente

Sónia disse...

Acho que ainda tenho esse mail guardado. Tb o recebi. Quem me dera ser sempre má mãe... BJ

SONHADOR disse...

já li e reli o texto.
vou ler outra vez.

beijos.

rmrs disse...

que dizer? fui (sou) mau o suficiente para esperar que o meu primogénito comesse a tigela de sopa do jantar da véspera na manhã do seu aniversário.

Anónimo disse...

Excelente texto.
Enquanto criança/adolescente em muitas ocasiões pensei: "Quando eu for pai nunca hei-de fazer isto". Hoje em dia agradeço e sinto-me orgulhoso por todos os "fica pés" que fizeram... acredito que seja um trabalho MUITO dificil, o de ser progenitor.

Sometimes Always disse...

e eu fui (sou) tão má mãe que deixei a minha filha Fifas a olhar para um prato de sopa durante 3 horas e meia.

Beijitos doces