... filhos traumatizados??A separação é um fenómeno que por si só é muito doloroso na vida das pessoas. Separação por morte, por distância, etc. Há que ter tempo para se fazer o luto e para começar a reagir novamente.
Mas a separação a que eu me refiro, e porque cada vez mais no meu leque de amigos está a acontecer, é a separação do casal. Separação do casal, com filhos...
Ora bem, não sou grande entendida na matéria na medida em que nunca passei por nenhuma experiência semelhante. Os meus pais estão juntos e felizes e eu estou casada com o homem que amo. Mas não deixo de perceber que a separação dos pais pode ser algo muito traumatizante na vida de uma criança e sobretudo é preciso entender como ela afecta a vida dos filhos.
Nem todos os casamentos são perfeitos. Muitas vezes, aqueles que juraram amor eterno percebem que, no dia a dia, a vontade de estarem juntos pode acabar. Quando é tomada esta decisão, a da separação, a vida dos filhos pode levar uma volta de 180º, e esta situação pode parecer uma verdadeiro pesadelo para as crianças. Até porque aquela história de encantar em que o príncipe e a princesa viveram felizes para sempre acabou.
Afinal, todos nós sabemos que são precisas duas pessoas para gerar uma criança. Mas o que muita gente pensa é que nem sempre são precisas duas para a criar.
Mesmo quando ambos os pais são presentes, a separação representa uma perda enorme na vida de uma criança. Muitas das vezes, poderá até ser a primeira da sua vida, e portanto, aquela que a marcará mais.
Eu conheço vários casos de separação em que se lidou com a situação de formas muito diferentes.
Tenho um amigo que se separou da mãe da filha quando esta tinha 4 meses, mas que assumiu o seu papel paternal de uma forma brilhante, até porque ambos assumiram que o crescimento e bem estar da sua filhota passaria sempre pela presença de ambos no seu dia-a-dia. Papel que têm desempenhado com distinção e que muito admiro. Não existe regulação do poder paternal e não me parece que algum dia seja necessário. A ver vamos...
Tenho outro amigo que está completamente desesperado com a situação porque está a passar. Ou melhor, pela situação a que os filhos estão sujeitos. Vontade de ver e estar com o pai, que é completamente arrasada pela contra-vontade da mãe. A regulamentação do poder paternal refere visitas quinzenais e ela assim o quer cumprir. Onde está o bom senso??
Conheço o caso da minha dentista que está separada do marido e que partilha a guarda das crianças. Uma semana em casa de um e outra semana em casa de outro. Ela até costuma dizer que eles se adaptam muito bem às rotinas e que têm manhas em casa do pai que não têm em casa da mãe e vice-versa. Não se suportam um ao outro mas delinearam muito bem a forma como a educação das crianças será estruturada.
Enfim, amigos, acredito que não seja fácil, nem para uns, nem para outros. Ainda vou mais longe. E os avós que tanto querem bem aos seus netos e que também vêm as suas visitas confinadas a escassas horas, quando eram esses mesmos avós que "desenrascavam" o casal quando era necessário?? E os tios e primos?? Como se faz esta gestão de afectos??
Só digo uma coisa, acabe o amor ou amizade ou seja lá o que for, o bem estar das crianças em primeiro lugar e o amor que sentimos pelos nossos filhos não acaba, tal como aquele que eles sentem por nós também não. E esse amor tem que ser alimentado e cuidado, para que cresça, floresça e dê frutos.
Alguém lhe apetece testemunhar??
Beijitos doces
10 comentários:
Um dia, a minha filhota, ao testemunhar o divórcio de dois casais, perguntou-me se tb iria divorciar-me do pai dela. Eu respondi: Filha, não te posso prometer que nunca nos vamos separar; mas posso-te prometer que eu e o pai tudo vamos fazer, sempre, para nunca nos separarmos.
Noutra ocasião e, vivendo nós na zona centro, perguntou se eu e o pai nos separassemos, se ela iria ver a familia do pai (Lisboa e Porto).
Disse logo que sim, a familia dela, nunca se iria "separar" dela.
Graças a Deus continuamos bem e casados; mas é uma conversa que as crianças querem sempre ter com os pais.
O mesmo aconteceu com a minha Rita, que viveu muito de perto o drama da separação de uma grande amiga minha. Andava constantemente a perguntar se ainda gostávamos um do outro, se iriamos ser namorados para sempre. Esteve mais dependente do que nunca nessa fase. Ainda por cima coincidiu com uma "mini" depressão pós parto minha e ela quando me via mais tristinha, perguntava logo se tinha sido o pai e seu eu estava triste com o pai. Eu dizia que não e se bem que nós tentamos sempre disfarçar, mas os sentimentos existem e ela também percebeu que nós por vezes também estamos tristes. aproveitei para lhe comprar um livro sobre os sentimentos. tristeza, alegria, inveja, dor, etc
beijitos doces
O mesmo aconteceu com a minha Rita, que viveu muito de perto o drama da separação de uma grande amiga minha. Andava constantemente a perguntar se ainda gostávamos um do outro, se iriamos ser namorados para sempre. Esteve mais dependente do que nunca nessa fase. Ainda por cima coincidiu com uma "mini" depressão pós parto minha e ela quando me via mais tristinha, perguntava logo se tinha sido o pai e seu eu estava triste com o pai. Eu dizia que não e se bem que nós tentamos sempre disfarçar, mas os sentimentos existem e ela também percebeu que nós por vezes também estamos tristes. aproveitei para lhe comprar um livro sobre os sentimentos. tristeza, alegria, inveja, dor, etc
beijitos doces
vou-me abster de comentar a minha situação pessoal que me envergonha. mas posso dizer que uma grande e muito especial amiga, psicóloga, separada do pai da filha quando esta tinha seis meses, sempre se bateu, muitas vezes com veemência, e contra o interesse do próprio, pela manutenção do vínculo entre pai e filha. não sendo o mais exemplares dos pais, muitas vezes com sacrificio da segurança e bem-estar da filha reconheceu que a ausência de um pai seria mais traumática e triste do que a presença de um que não seja modelo. Modelo de altruismo, conhecimento e maturidade considero esta história o exemplo do que é ser boa mãe e proteger o direito das crianças a uma relação de grande proximidade com ambos os progenitores e os ascendentes de ambos.
Pois eu acho que se uma das partes não luta pelo interesse dos filhos, o tribunal não deverá decidir a seu favor. Isto porque me parece que o bom senso está totalmente fora da relação dos divorciados em causa. É pena.
Eu também me chateio com o meu homem. E a minha filha tb já me perguntou se nos vamos separar. Acho que depois de horas de explicações acabou por perceber que os pais são como ela quando se zanga com as amiguinhas. Pouco depois está tudo bem. O amor não desaparece por causa de uma discussão. E se somos todos diferentes é normal que tenhamos opiniões diferentes. E se vivemos na mesma casa é normal que por vezes nos cansemos dos vícios do nosso parceiro. Mas tudo isso passa. Rapidamente.
E quando não passa começam os sinais vermelhos. Mas os filhos têm sempre prioridade. Para eles o sinal está sempre verde. Para eles avançarem para a vida. Felizes. Confiantes. E certos que aconteça o que acontecer o papá e a mamã vão lá estar.
Beijos brilhantes para o papá da história
Sou filho de Pais separados, desde os meus 2 anos.
Como dizes, e com razão: "Mesmo quando ambos os pais são presentes, a separação representa uma perda enorme na vida de uma criança. Muitas das vezes, poderá até ser a primeira da sua vida, e portanto, aquela que a marcará mais.".
Poderia dar-te aqui o relato da minha vida...
Sei o que custa.
Beijos.
Claro que é sempre uma coisa má de acontecer. Mas talvez por ter tido a sorte de ver os meus pais divorciados mantendo uma relação muito saudável, nunca envolvendo os filhos nas suas discussões e problemas, não encaro separações e divórcios como dramas inevitáveis. Há sempre uma melhor solução para um problema e é nisso que os pais devem pensar nem que tenham que fazer das tripas coração. Porque outros valores mais altos se "alevantam". E como a minha amiga Pespireta sabe, para mim esta filosofia não é só teoria.
Só posso sublinhar que a criança vem em primeiro lugar e não é uma bola num joguinho de adultos. Beijos à minha Pespireta que escreveu este texto tão bem. Parabéns.
Depois de ler este texto sou incapaz de não deixar a minha opinião. A verdade é que é provavelmente uma opinião relativamente distante e imatura uma vez que não sou casado nem tenho filhos.
Lembro-me perfeitamente de quando andava na escola primária e preparatória tive varios amigos com pais separados, ou em processo de separação. Para mim, na altura aterrorisou-me pensar que o mesmo poderia acontecer... que os meus pais, base da estabilidade da minha vida se pudessem separar.
A medida que fui crescendo, fui-me apercebendo de outros factores, e tambem conheci várias pessoas que cresceram num ambiente familiar muito instavel, em que os pais optaram por não se separar (apesar de o sentimento que os unia ter desaparecido). Estes ultimos acabaram por ter de lidar com os constantes conflitos entre os pais... é verdade que podemos dizer que estes casais devem optar por não demonstrar a instabilidade da relação às crianças, mas de uma forma ou de outra elas acabam por sentir.
O amor que liga os nossos pais reflete-se no nosso crescimento, e caso este não exista, poderá ser bem mais dificil viver com uma mãe e com um pai que vivem presos.
Chegando a uma idade em que eu conseguisse pensar por mim, penso que ficaria muito triste por ter feito duas pessoas sofrer durante anos para manter uma aparente união.
beijinhos,
Depois de ler este texto sou incapaz de não deixar a minha opinião. A verdade é que é provavelmente uma opinião relativamente distante e imatura uma vez que não sou casado nem tenho filhos.
Lembro-me perfeitamente de quando andava na escola primária e preparatória tive varios amigos com pais separados, ou em processo de separação. Para mim, na altura aterrorisou-me pensar que o mesmo poderia acontecer... que os meus pais, base da estabilidade da minha vida se pudessem separar.
A medida que fui crescendo, fui-me apercebendo de outros factores, e tambem conheci várias pessoas que cresceram num ambiente familiar muito instavel, em que os pais optaram por não se separar (apesar de o sentimento que os unia ter desaparecido). Estes ultimos acabaram por ter de lidar com os constantes conflitos entre os pais... é verdade que podemos dizer que estes casais devem optar por não demonstrar a instabilidade da relação às crianças, mas de uma forma ou de outra elas acabam por sentir.
O amor que liga os nossos pais reflete-se no nosso crescimento, e caso este não exista, poderá ser bem mais dificil viver com uma mãe e com um pai que vivem presos.
Chegando a uma idade em que eu conseguisse pensar por mim, penso que ficaria muito triste por ter feito duas pessoas sofrer durante anos para manter uma aparente união.
beijinhos,
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